tem uma espiritualidade universal
de intensidade vital
por toda a vida e por si mesma
encarnada e dolorosa
mais do que sonhada
mas sugerindo em toda a parte
e aqui mesmo se possível:
a alegria!
e porque não a felicidade?
O que não é permitido, está escondido?
Não conhecemos a totalidade da vida
nem a totalidade da morte.
Não sobra nada da existência
tudo é consumido no esquecimento.
A erosão do tempo
é uma doce e infantil vertigem
à qual renunciamos
na maturação do conhecimento,
essencial à nossa concepção do Universo
mas traiçoeira e fatal no domínio do milagre.
Dissolver a ilusão, eis o significado da iniciação,
a ponte para o conhecimento.
Basilar fundamento que revela
não a divina presença mas a alma
ou o conteúdo cósmico, inerte ou reactivo
mas sempre ausente ou escondido porque
não nos é permitido viver, morrer
ou sonhar totalmente.
Desejar sempre o ponto mais alto
mais inatingível e transcendente
que é o ponto final de um assalto
mental à mortificação consciente.
Liberdade inata de épica realização
regra da natureza nobre e ancestral
do exercício crucial de determinação
do fragmento holístico num ciclo vital.
Sem retorno como uma flecha
de elevado valor vectorial
a cortar o ar com um silvo ensurdecedor.
É o vento que soa como
um instrumento de sopro
numa melodia de tontura
sem querer saber do saber.
Hoje paisagem imensa de
ruínas e colinas defensivas.
dignifica-se a tempestade para morrer
e germinam as nossas ideias.
Para renascer
para sonhar
desintegra-se o universo.