é sobre as quatro fases da obra

o magnum opus da criação impessoal


obra singular se sentir é existir a sós

num acto único de magia intelectual


"coeli terraeque meator"


porque a obra é o caminho

Shamahan é nosso Pastor

Narciso pungente















Invasivo mas aparentemente imperceptível
disparando sob quente e densa atmosfera
para efabular instantâneas mitologias.

Narciso radiante















Ainda em tom de desafio alucinado, de quando em vez,
lá consegue o fotógrafo afinar um momento rebuscado.

A interacção em que se dá o milagre, o transpor barreiras
com o olhar desinteressado e a cumplicidade dos piratas.

Narciso petulante

Não se esquiva a um desafio
mas com a postura de arrancar à rude vizinhança
sólidas e robustas
poses
que revelam um momento destemido.


O olhar não é necessário
para coincidir no real a intenção.

O acto fotográfico de pressionar o botão
(esse momento mágico)
não impressiona pela audácia do fotógrafo
mas pela necessidade de dominar o tempo
num pequeno enquadramento do mundo.

Inerente a esse ínfimo olhar é a fome de mundo
(essa megalomania do ser)
apenas saciada por breves instantes
e só por afagar, numa fracção da realidade
uma fraca e ilusória memória, não por intervir
enrolado nessa mesma realidade múltipla
que partilhamos desde sempre,
mas por presenciar esse desenrolar cósmico
e ser testemunha do abundante esquecimento.

E porque registado à laia alucinatória
a imagem é algo que se não se esquece.

Narciso flutuante















O olhar distante e passivo não ousa enfrentar a travessia.

Deixa-se flutuar na vivência de um voyeurismo quotidiano
inerte mas no enquadramento psicológico de um desafio.

Fotógrafo consciente da sua posição, quase camuflada,
de olhar tímido que apenas regista a forma e a presença
por cordial distância e sem perturbar as ondas da existência.

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